Subscribe:

Redes Sociais

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Mostrando postagens com marcador catadores. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador catadores. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de junho de 2012

Associação afirma que catadores do Aterro Sanitário de Gramacho não ficarão desempregados


Indenização de R$ 14 mil para os 1,7 mil catadores foi paga pela prefeitura do Rio, que despejava cerca de 10 mil toneladas de lixo no aterro por dia.

Ana Carla Mistaldo, de 36 anos, mãe de três filhos, durante quase duas décadas teve como principal fonte de renda a coleta de materiais recicláveis do Aterro Sanitário Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense. O fechamento do lixão no domingo (3), depois de 34 anos de funcionamento, no entanto, abriu para ela e para mais 1,7 mil catadores novas oportunidades.
A diretora financeira da Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, Gloria Cristina dos Santos, disse que desde o anúncio do fechamento do aterro os catadores se prepararam para não ficar sem ocupação e sem renda, em média, de R$ 1 mil por mês. Além dos cursos e da indenização de R$ 14 mil – paga em cota única –, eles reivindicaram das autoridades apoio para montar um polo de reciclagem que lhes permita continuar trabalhando com o lixo.
“Perguntamos o que as pessoas queriam fazer e um quarto quis ficar aqui”, explicou a diretora.”Com o pagamento das indenizações, vamos incentivar que essas pessoas participem agora das qualificações, e fiquem conosco”, completou. Cerca de 500 catadores devem integrar o polo, os demais decidiram investir em negócios próprios ou voltar para o mercado de trabalho.
O polo de recicláveis será uma expansão da estrutura que já funciona na associação, às margens da Rodovia Washington Luís. Ele terá sete galpões dos quais três para o beneficiamento de material reciclável. A ideia, explica Glória, é vender produtos direto para as empresas, pulando intermediários e gerando mais renda.
Para isso, segundo ela, também será necessário que o Poder Público entregue, conforme prometido, caminhões para fazer a coleta dos resíduos recicláveis e invista em tecnologia. “Como teremos uma produção menor de recicláveis, visto que Jardim Gramacho foi fechado, precisaremos entregar ao mercado um material mais trabalhado, e precisaremos de equipamentos mais modernos”, ressaltou.
Os galpões começam a ser construído em duas semanas e ficam prontos em novembro. Até lá, famílias como a de Ana Carla se manterão com a perspectiva de um negócio mais lucrativo. “Nossa renda baixará muito porque falta produtos da coleta seletiva”, disse. “Mas quem não tem condições de se qualificar, está velho, ou não quer, como eu, tem que esperar o polo”.
A indenização de R$ 14 mil para os 1,7 mil catadores foi paga pela prefeitura do Rio, que despejava cerca de 10 mil toneladas de lixo no aterro por dia. Agora, o lixo dos cariocas será levado para o Centro de Tratamento de Seropédica, que não permite a entrada de catadores.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

CATADORES DE GRAMACHO GANHAM ESCOLA DE ENSINO PROFISSIONAL - EDUCAÇÃO

Inaugurado no último sábado, Canteiro Escola vai oferecer 1,3 mil vagas em cursos gratuitos. Inscrições começam hoje

A Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, inaugurou neste sábado, dia 2, às 10h, um espaço para o treinamento profissional dos catadores e ex-catadores no entorno do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias. O projeto Canteiro Escola Jardim Gramacho conta também com o apoio da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) e da Associação Carioca de Catadores e Ex-catadores (Acex).

O secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, participou da cerimônia:

- Esta é uma escola que muda a vida das pessoas. Ninguém se torna catador porque quer, mas sim por necessidade, para sustentar sua família. A partir desta segunda-feira, as pessoas que trabalhavam no lixão vão ter a opotunidade de se qualificar e ter uma nova profissão. Após o curso profissionalizantes, eles também poderão concluir os estudos pelo Seja (Sistema de Educação de Jovens e Adultos) e até cursar uma faculdade a distância. Eu espero que os ex-catadores se tornem doutores - disse.

A meta do projeto é capacitar mais de 1.300 pessoas, até o fim de 2012, em cursos profissionalizantes gratuitos com o objetivo de requalificar os profissionais que dependiam das atividades econômicas da área do lixão, principalmente os catadores de materiais recicláveis.

As inscrições serão abertas para a comunidade nesta segunda-feira, dia 4, podendo ser feitas no próprio local. Os catadores cadastrados na empresa Nova Gramacho terão prioridade. O prazo segue até 15 de junho.

O reaproveitamento dos resíduos garante, há mais de 30 anos, o sustento de aproximadamente 15 mil famílias do aterro e do seu entorno.

– O projeto visa minimizar os impactos do fechamento do lixão, ampliando as chances de geração de trabalho e renda para os catadores – explicou o presidente da Faetec, Celso Pansera.

O Canteiro Escola Jardim Gramacho, que funcionará numa estrutura de 936 m², teve o investimento de R$ 250 mil. Serão ofertadas as seguintes oportunidades: Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão (216 vagas), Encanador Instalador Predial (216), Pedreiro de Alvenaria (216) e Carpinteiro de Obras (216), além de Informática I (480). Os alunos também terão aulas complementares de Língua Portuguesa e Matemática.

A seleção para as vagas acontecerá por sorteio, em 16 de junho, no próprio local. O período para efetivação da matrícula acontece de 18 a 20 deste mês. O início das aulas será logo no dia 25. Os cursos funcionam de junho a dezembro deste ano. O Canteiro Escola Jardim Gramacho fica na rua Bragança, lote 321, quadra 202 – Jardim Gramacho, em Duque de Caxias.


Portas se fecham, outras se abrem

O lixão chegou a abrigar cerca de 1.500 catadores de materiais por dia. Hoje, pouco mais de 300 resistem, tirando dos resíduos a renda diária para o sustento próprio ou familiar. Foram mais de 35 anos de funcionamento, “com histórias de alegria e sofrimento, como na vida de qualquer pessoa”, ressalta Sandra Helena, catadora há 15 anos e membro da Acex.

– Passei sete anos da minha vida dormindo aqui no meio das lonas para voltar com o dinheiro que precisava. No início, meu estômago não tolerava quando achava restos mortais, e com o sereno da noite, contraí uma pneumonia. Mas com o passar dos anos, vamos adquirindo resistência. Fui mudando a ideia que tinha sobre o lixo quando me deparei com uma cesta básica quase intacta. Aquilo me fez refletir muito sobre o que é descartado por alguns e extremamente necessário para outros. Já encontrei até blusa com etiqueta – revela.

Ao ser questionada sobre o que espera do futuro, ela afirma que pretende se capacitar em breve, mantendo sempre a participação na Associação. “Aqui eu encontrei uma família”, diz Sandra.

Carlos Alberto, o “Carlinhos”, espera beneficiar-se com as qualificações profissionais do Canteiro Escola. Antes de trabalhar como catador, ele chegou a exercer a profissão de Eletricista, Soldador e Pintor Predial. O que pesou para a permanência no aterro foi o aumento na renda, quase o dobro do que ganhava em outras funções no mercado.

– Eu espero desfrutar dessa chance porque acumulo experiência na área de Construção Civil. Mas muitos aqui precisarão aprender novas funções, por terem dedicado a vida toda ao lixão. Isso porque o trabalho aqui é rentável, paga melhor do que muitos lugares lá fora. Antigamente, muita gente nos via como esses urubus. Com a consciência ecológica, isso mudou. Passaram a nos valorizar porque enxergaram que a nossa atuação é essencial para o meio ambiente – explica.

O ex-catador Ivanildo Araújo lembra o dia em que um colega saiu arremessando notas de dólar para os outros, pois não sabia do que se tratava. A memória também é marcada pelo triste episódio de um caminhão que perdeu o controle e matou 12 pessoas que estavam trabalhando. 


– Aqui é um verdadeiro garimpo. Temos casos de catadores que encontraram joias e raridades e até 30 mil reais em mala fechada. Com o fechamento, portas se fecham, mas outras se abrem, representando um recomeço para esse trabalhador. Estamos percebendo a presença do poder público nesse momento, seja através de reembolso ou cursos profissionalizantes. De catador a empreendedor, esse deve ser o modelo a seguir – afirma Ivanildo, que hoje está na coordenação de projetos de Geração de Emprego e Renda na Acex.

sábado, 28 de abril de 2012

Fundo de R$ 21 milhões será repartido por 1.603 catadores de Gramacho


Os catadores de material reciclado que trabalharam até janeiro de 2011 no aterro controlado de Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, receberão R$ 21 milhões. O dinheiro, destinado ao Fundo de Participação dos Catadores de Gramacho, vai beneficiar 1.603 pessoas.
Este recurso é uma das contrapartidas previstas no contrato de concessão da empresa Novo Gramacho para explorar o gás metano produzido no aterro. O valor será antecipado aos catadores em cota única pela Prefeitura do Rio, que receberá o reembolso da empresa em 15 parcelas anuais. A quantia tem por objetivo ajudar a inclusão dos catadores cadastrados em atividades alternativas ao trabalho que vinham realizando em Gramacho.
A lista com os 1.603 nomes que serão contemplados pelo Fundo de Participação dos Catadores de Gramacho foi levada na última quinta-feira (26) pelo presidente do Conselho de Lideranças de Gramacho, Tião Santos, para aprovação na segunda reunião do conselho gestor do fundo, que contou com a participação do secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.
Os critérios utilizados para seleção dos nomes levaram em consideração o tempo de atuação do catador no aterro, bem como suas condições físicas e mentais:
- Tem gente na lista que estava há dois anos fora de Gramacho por causa de um acidente no lixão, mas trabalhou por 25 anos. É questão de bom senso, justiça social - disse Tião. 
Para Minc, que vem ajudando a articular desde o início do ano passado alternativas de trabalho e renda para os catadores do aterro controlado de Gramacho, a definição dos cotistas do fundo de apoio é um avanço:  
- Essa experiência traçou um novo paradigma. Vamos erradicar todos os lixões do estado até 2014, e ela servirá de exemplo.
Minc disse ainda que o gás metano, captado em Gramacho, passará a ser fornecido para a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc) em maio. Dos recursos obtidos com a venda do gás metano, 18% serão destinados à recuperação ambiental do bairro de Jardim Gramacho.“A ideia é transformar em algo sustentável um caso de agressão, humilhação e degradação humana e ambiental. Em breve, anunciaremos a instalação do polo de reciclagem, com moinho de PET, caminhão e compactadores, outra demanda dos catadores da região”, disse o secretário.Com a entrega oficial da lista para todos os órgãos que compõem o Conselho Gestor do Fundo de Apoio aos Catadores, que deverá ocorrer nesta sexta-feira (27), a Caixa Econômica Federal terá 48h úteis para iniciar a abertura das contas bancárias em nome dos trabalhadores.  
“Esperamos que na próxima quarta-feira (02/05) estejamos com um posto avançado dentro do aterro. Lá o catador munido de qualquer documento de identificação, com foto e um comprovante de residência, será cadastrado, e, no máximo em um mês, esperamos retornar ao local para entregar cartão e senha aos novos correntistas”, afirmou o gerente regional da Caixa Econômica, Thiago Blanc.
Fonte: JB

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Fim do maior lixão da América Latina preocupa catadores

O fechamento do maior lixão da América Latina deixará sem trabalho cerca de 1,2 mil pessoas que vivem de vender o material de valor que encontram entre as 8,4 mil t de resíduos que são geradas diariamente no Rio de Janeiro. O despejo de Jardim Gramacho ocupa uma enorme área no município de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, e se encontra às margens da baía da Guanabara, uma paisagem ecológica inigualável que contrasta com as montanhas de lixo que todos os dias são depositadas no lugar por dezenas de caminhões.
Inaugurado em 1976, durante o regime militar que governou o Brasil de 1964 a 1985, esse aterro sanitário provocou um alto impacto ambiental pela decomposição do lixo, que gera gás metano, um dos responsáveis pelo aquecimento global. Grande quantidade dos resíduos gerados no Rio e em vários municípios vizinhos termina ali, chegando em caminhões que derramam no solo os detritos que ao cair exalam um cheio desagradável e atraem uma infinidade de moscas e abutres.
Antes, 70% do lixo do Rio de Janeiro chegava a Jardim Gramacho, mas desde que em 2011 foi aberto o Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica, a 75 km da capital fluminense, a quantidade foi se reduzindo. Atualmente, cerca 2 mil t de lixo são despejadas nesse aterro sanitário todos os dias, ou seja, 25% do que recebia alguns anos atrás, segundo dados da prefeitura.
Da coleta e posterior venda de metal, papel, papelão e plático vivem os catadores, que junto a suas famílias passam o dia entre enormes pilhas de lixo. As levas de caminhões carregados de resíduos não param de chagar nas 24 horas do dia, enquanto os catadores têm turnos de dia e à noite e os abutres não deixam de sobrevoar a zona em nenhum momento.
Um trabalhador explicou à Agência Efe que por 1 kg de cobre, o material mais procurado, é possível obter até R$ 9, enquanto 1 kg de alumínio vale R$ 2 e 1 kg de plástico, apenas R$ 1. Celso Melquits, que trabalha no Jardim Gramacho há 18 anos, conta que houve uma época na qual podia ganhar mais dinheiro que um professor, e não os R$ 6 por dia que consegue agora. "Se você se movimentasse bem, podia tirar até US$ 150 por dia; agora não se alcança mais que o suficiente para o aluguel, um café e uma empada", disse Melquits.
A alguns passos dele, Elaine, 24 anos, usa um chapéu e luvas de plástico para não sujar seu cabelo nem estragar o esmalte de suas unhas. A jovem está terminando seus estudos e pretende ser cabeleireira, mas enquanto isso trabalha no lixão para se sustentar.
Desde que a prefeitura e o governo do Estado decidiram que fechariam o lugar, os catadores passaram a negociar com as autoridades para tentar obter uma indenização. A maioria dos trabalhadores do aterro sanitário trabalha no local há mais de 15 anos e teme não encontrar um novo modo de sobrevivência, e por isso reivindicam que as autoridades não os esqueçam sem uma compensação.
Outros pensam que o Estado veio para ajudá-los, como Ivan, que trabalha há 20 anos no Jardim Gramacho e pensa em usar o dinheiro que receberá para abrir um negócio em cooperativa com outros companheiros. "Necessitamos esse dinheiro para empreender algum negócio ou para sobreviver até que encontremos um novo trabalho", diz Juliano, 36 anos, que trabalha no despejo desde que chegou de São Paulo, quando tinha apenas 14. Ele acredita que os catadores merecem receber essa ajuda das autoridades e ameaça empreender uma revolta se isso não acontecer, embora reconheça que prefere uma solução pacífica.
Outro caso é o de uma mulher chamada Angélica, que assegura querer ganhar a vida dignamente e por isso vai ao aterro sanitário todos os dias desde 1994. "Não quero ter de pedir nem roubar, não tenho estudo e esta é minha única fonte de vida", explica.
O fechamento definitivo do despejo estava previsto para este mês, mas a prefeitura o adiou para maio perante a falta de um acordo com os trabalhadores que vivem de reciclar o lixo, que se associaram há menos de dois anos e que em conjunto receberão cerca de R$ 21 milhões como indenização.
Fonte: Terra